segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Decriminação



Favelas, Morros, pobreza, a lei da sobrevivência imposta pelas classes corruptas e exploradoras, de um dos maiores países do mundo, o país que os turistas endirenhados conhecem pelas famosas praias,pelas magnificas paisagens e pela forma cruel e "fácil" como aliciam meninas (muitas delas menores de idade) que vivem inseridas no meio de dificuldades de subsistência constantes e assustadoras.
Este cenário não dá muito jeito revelar e quando inevitavelmente é revelado, os contornos destas mesmas revelações são inteiramente controlados, pelos inclinos de luxuosas casas que têm como pano de fundo precisamente a miséria e escravidão existentes em favelas,populações oprimidas pelo sacrifício,pela agonia de ter em mãos a árdua tarefa de assegurar a criação dos seus filhos.



Sinceramente não me parece que as grandes patentes, consigam interiorizar bem a delicadeza da situação.
Nos colégios onde estudam os filhos destes magnatas, com certeza as aulas não têm como som de fundo a troca de tiros existente no exterior do edifício,nunca uma criança das famílias destes homens do "poder" foi atingida por uma bala perdida , acabando mesmo por falecer, deixando um vazio enorme e eterno em todos os que a amavam.
Será possível estas criaturas imaginarem, um carro blindado (militar) parado constantemente a porta de suas casas, militares a dispararem em todas as direcções tendo como alvo tudo o que mexe, correndo mesmo o risco de nesse movimento as munições disparadas pelas suas armas, atingirem um idoso ou uma criança, que apenas veio buscar um pouco de água à fonte para que pudesse tomar um banho.



Talvez seja difícil imaginarem, até porque parte dos seus banhos são realizados em jacuzzis de luxo, conhecem os carros blindados mas só o seu interior, tantas são as vezes que têm que passear neles e é indiferente em quem as balas acertam, partindo do principio que os moradores das favelas não contribuem muito para os cofres do poder, as suas vidas só são realmente importantes em época de eleições.



Faz-se justiça quando se vira o feitiço contra o feiticeiro,de momento e neste caso concreto, penso que o feiticeiro tem a porção do caldeirão controlada, mas muito sinceramente tanto eu como milhões de pessoas, gostaríamos que o caldeirão transborda-se e o tal feitiço se vira-se contra o feiticeiro.
Neste preciso momento, enquanto lêem este post, talvez esteja a acontecer mais um tiroteio a vitimar inocentes, seres humanos que são abatidos a sangue frio por seres animais que por cada morte que originam, recebem uma série de "medalhas" de condecoração.



Tenho aprendido com o passar dos anos, que o mundo dá mesmo muitas voltas.
E sinceramente, creio que um dia a justiça vai bater à porta deste povo e vão finalmente poder ser felizes...

4 comentários:

Lize disse...

Era bom que todos os povos pudessem ser felizes! Mas isso é terrivelmente difícil...

Ricardo disse...

Lize :

Cara amiga, difícil sim, impossível não! :)

Beijo

Osvaldo disse...

Ricardo, meu amigo Ricardo;

Compreendo a tua revolta, a raiva da impotência de não poder salvar crianças, mas acredita que ninguém tem mais jacuzzis que os traficantes, ninguém mata mais crianças, e acredita que de todas as condições sociais, que esses mesmos traficantes e ninguém amedronta e viola mais crianças nas favelas, que esses mesmos patrões de cartéis de narcotráfico que utilisam as favelas para se esconderem e melhor controlarem o seu comércio.

Acredita Ricardo, que comprendo verdadeiramente a tua revolta mas podes crer que também outras crianças de condições sociais avantajadas, fora das favelas são mortas por balas perdidas... e cada criança que morre, é menos um sorriso no Mundo...

Ricardo, Nasci em Portugal mas cresci no Rio, conheço o Rio melhor que Porto e Lisboa e conheço os problemas da miséria nas favelas. Não são os favelados que são a praga da sociedade, mas sim quem se utilisa deles...

Um abraço com muita estima, amigo Ricardo.
Osvaldo

Ricardo disse...

Osvaldo :

Caro amigo Osvaldo, adiantas-te um dos próximos post's deste blog.
Este post retrata um lado do problema,num próximo irei abordar precisamente o outro lado, o lado escuro que acabaste de descrever.
Li e leio, muito sobre este tema há já muito tempo, já tive oportunidade de trabalhar com algumas pessoas nascidas e criadas em algumas das maiores falevas do Rio.
Neste contexto e um pouco à imagem do que se passa também aqui por terras Lusas, o abuso do poder é enorme.
O facto que referiste é uma realidade, mas, essa realidade dá muito jeito ser alimentada para que cresça cada vez mais.
Talvez os maiores interessados na continuidade desta guerra sangrenta, até sejam os mesmos que dão a cara a paineis publicitários em época de eleições.
Não esquecendo também, aqueles que sobem de posto em cargos militares è velocidade da luz, vá-se lá saber porquê...


Abraço